segunda-feira, 27 de abril de 2009

As descobertas na alfabetização - Parte 1

Voluntários e crianças viram "amigos de carta" em SP

Este vídeo é muito interessante! Ele mostra a utilização da carta como instrumento de comunicação entre as pessoas. Além disso, serve como uma ferramenta de ajuda, de solidariedade e de afetividade... Crianças que vivem em abrigos correspondem-se com adultos volutários e desenvolvem suas capacidades de escrita e leitura. Vejam! Emocionem-se!


domingo, 26 de abril de 2009

Escrever é desvelar-se...é fazer-se vivo...

"Ao escrever não posso fabricar como na pintura, quando fabrico artesanalmente uma cor. Mas estou tentando escrever-te com o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da palavras. Meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros, com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida. Não pinto ideias, pinto mais inatingível 'para sempre'. Ou 'para nunca', é o mesmo. Antes de mais nada, pinto pintura. E antes de mais nada te escrevo dura escritura. Quero como poder pegar com a mão a palavra. A palavra é objeto? E aos instantes eu lhes tiro o sumo da fruta. Tenho que me destituir para alcançar cerne e semente de vida. O instante é semente viva.
A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio."



O que é escrever?



"Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira."
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Os Portfólios estão nascendo!!!


Meus queridos alunos e alunas, tive gratas surpresas (na verdade, não são tão surpresas assim...eheheh...), neste fim de semana, ao receber 3 (três) endereços de portfólios eletrônicos já iniciados! Isso demonstra que o desafio foi assumido e "encarado" de frente! 

Como disse em sala, a descoberta e utilização crítica das ferramentas tecnológicas é um desafio enorme para quem tem pouca intimidade com elas! Mas, a curiosidade aliada ao desejo de aprender mais e mais faz com que entremos neste maravilhoso mundo tecnológico criado por nós!

Eles já estão disponíveis no meu guia de "Portfólios Eletrônicos", ao lado! 
Se quiserem, podem dar uma "espiadinha"!

Abraços e estou no aguardo dos demais!!

Ivan

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A 2a. aula de TAE-LP


A nossa segunda aula aconteceu, respectivamente, nos dias 14/04 (T.6) e no dia 16/04 (T. 1 e T. 2). Não teremos encontro na próxima semana, tendo em vista que no dia 21/04 (3a. feira) é feriado nacional e no dia 23/04 (5a. feira) é feriado estadual. Dessa forma, a ansiedade, certo desespero e algum sentimento de "pressa"tomou conta de mim. Como prepará-los para darem início ao portfólio eletrônico sem um debate, uma discussão ou uma orientação sobre seus princípios, seus fundamentos e suas características? Assim, resolvi inverter nosso planejamento (discutiríamos o texto "Processos iniciais de leitura e escrita", de Rosineide Magalhães de Sousa)! Solicitei que providenciassem a cópia do texto "Construindo o portfólio eletrônico", escrito por mim.

Dessa forma, demos início à discussão sobre avaliaçao formativa e, dentro desse contexto, discutimos o portfólio eletrônico. A T. 6 estava lotada! Este fato me deixou, de certa forma, mais desesperado ainda. E, o piro ainda estava por vir! Mas, de alguma forma, eu já sabia que as reações seriam as mais diversas possíveis! Conversas paralelas, risinhos escondidos e contidos, comentários em quase silêncio... Minhas expectativas se centralizaram na necessidade de municiar os alunos de informação que pudessem auxiliá-los, da melhor maneira, o processo de início de construção do portfólio. Olhares me atingiam de cima até embaixo! Náo sei se eram de curiosidade por conhecer o professor (muitos não estiveram presentes no 1o. encontro), não sei se eram de medo, não sei se eram de raiva... Sei que muitos pareciam assustados! Mas, segui em frente! Sabemos que o fazer diferenciado provoca sentimentos muito diversos. E, mais, normalmente, os alunos reclamam de professores que não dão aula e, ao mesmo tempo, questionam a minha postura de, no primeiro dia de aula, ter cumprido o meu papel: ESTAR EM SALA DE AULA, CUMPRIR HORÁRIO E "NÃO ENROLAR OS ALUNOS" - A AULA ACONTECEU EM SUA INTEIREZA.

Ao final, creio que se iniciava um grande desafio... Vamos aguardar os próximos passos...

Na T. 1, primeiramente, as pessoas foram chegando aos poucos. Fiz a mesma solicitação, mas alterei a dinâmica utilizada na aula de 3a. feira. Talvez, algumas reações de resistência ou de impotência evidenciados por alguns alunos tenham me levado a refletir que era necessário, primeiro, que eles fizessem uma leitura e "sentissem" a tarefa que lhes cabe! O debate entre os pares pode aplacar certos medos, como também, pode incendiar estes medos!! É um risco que se corre. Pedi que os alunos sentassem em grupos de até 4 pessoas e que fizessem a leitura do texto.

Em grupo. deveriam chegar à conclusão do que se entende por avaliaçao formativa e o que é o portfólio como procedimento inserido nessa modalidade de avaliaçao. Sugeri que levantassem os seguintes aspectos:

*Expectativas para o trabalho com o portfólio:receios e o que se espera;
*Os compromissos que assumirão com as próprias aprendizagens e com o próprio desenvolvimento ao longo da disciplina;
*O que esperam do professor neste proceso.

Em seguida, abriu-se para o debate!

Uma das alunas deu o seguinte depoimento:

"Na avaliação tradicional, estamos acostumados a rituais de provas, testes, etc. Acabamos estudando apenas para a prova. Isso acaba nos levando a viver apenas alguns momentos estanques com o conhecimento e a aprendizagem não acontece. Estudamos para a nota, para sermos aprovados!" (T. 1)

Outras alunas disseram o seguinte:

"A ideia da avaliação formativa é muito interessante porque acabamos refletindo sobre o que estudamos, lemos, discutimos. Assim, acabamos aprendendo muito mais e sedimentando mais nossos conhecimentos".(T. 1)

"Entendi que a avaliação formativa nos ajuda na nossa caminhada de aprendizagem de forma constante e contínua."(T. 1)


Na turma 2, 5a. feira à noite, havia cerca de 31 alunos, por volta de 19:30. As orientações seguiram as mesmas que foram feitas na turma da tarde, tendo em vista que a discussão surtiu um conjunto de ideias interessantes. Inicialmente, os alunos providenciaram as cópias dos textos e iniciaram a leitura do mesmo. Alguns alunos aproveitaram para "tirar" algumas fotos. Provavelmente, indicando alguma intençao de utilizá-las no portfólio. Aliás, eu mesmo fui foco das fotografias!

No debate, algumas falas soaram de forma bastante relevante:

"Eu entendi que a avaliação formativa é uma forma de construir uma parceria entre professor e aluno. Não é só o professor que define tudo o que deve, o como deve e o para que deve avaliar. Compreendo que parece utópico, mas precisamos pensar em fazer diferente para quando formos atuar como professores" (Aluna, T 2)

"Entendo que é uma forma de superarmos a avaliação normativa, tradicional. Na avaliação tradicional, somos avaliados em momentos planejados, preparados e pensados pelo professor. Às vezes, aqui mesmo na faculdade, somos avaliados de forma estanque. Alguns professores sequer nos dão um retorno sobre nossas produções. Isso é muito frustrante porque não sabemos se estamos avançando ou não". (Aluna, T 2)

Por e-mail, recebi um depoimento de uma aluna que me chamou a atenção, principalmente, por aceitar o desafio:

"Caríssimo professor. Acho ótimo esta iniciativa do blog, estou surpresa e contente com o fato, que sirva de inspiração e instrumento de ajuda a todos nós.
Parabéns e obrigada." (Aluna, T 2)


Outra aluna, deixou uma postagem no blog apresentando suas apreensões, mas, ao mesmo tempo, confiando na possibilidade de fazermos uma trabalho de qualidade:

"Não estive presente no 1º dia de aula, fui surpreendida com sua proposta que, em princípio, deixou-me um tanto apreensiva, pois, como é uma proposta nova é normal que cause insegurança, ainda mais quando você duramente diz que NÃO será uma tarefa fácil. Não que esperamos facilidades, mas a essa altura do campeonato depois de tantas surpresas com nosso curso, você há de convir que não é nosso melhor momento. Entretanto, apesar de tudo, compreendi sua proposta e aceito o desafio. Espero ser capaz de corresponder as expectativas. Fica aqui registrada a minha admiração pela forma como você pretende conduzir seu trabalho e dar-nos suporte para futuramente realizarmos o nosso". (Aluna, T 2)


Estamos iniciando nosso trabalho...

Espero que consigamos vencer todos os obstáculos!! Bom trabalho!!






quarta-feira, 8 de abril de 2009

Atividade 1: Produzindo uma Carta



O texto abaixo, de Mário Prata, serve para pensarmos um pouco sobre a nossa primeira atividade da disciplina: escrever uma carta! 
Isso mesmo! Uma carta! 

Se quiser enriquecer suas percepções, você pode rever os filmes: O Carteiro e o Poeta e Central do Brasil. Estes filmes retratam bem a relação íntima que se estabelece entre as pessoas e uma carta!


Há quanto tempo você não escreve uma carta?  Como dissemos em sala, pretendemos que a disciplina caminhe dentro de uma concepção articulando  teoria e prática, aspectos considerados por nós como fundantes da formação de professores. Nossa atividade consiste em vivenciarmos práticas sociais de letramento com vistas a compreender a complexa função do ato de formar pessoas e de compreender os processos que envolvem a aprendizagem das estruturas da língua materna em crianças de 0 a 6 anos.

A proposta é que cada um produza uma carta como forma de se apresentar, dizer quem é, suas virtudes, suas vontades, seus receios, seus desejos, suas histórias... Como temos dito, o portfólio permite que o aluno possa tomar decisões sobre suas produções, suas reflexões, seu percurso de aprendizagem. Assim, as informações que for veicular por meio da carta devem ser definidas por você. 

No âmbito do ensino de língua portuguesa, atualmente, os conceitos de texto, contexto, intertexto, infratexto, tipologia textual, gênero textual são, cada vez mais frequentes nas rodas de debate sobre proficiência  linguuística, competência comunicativa, etc. Vamos, neste momento falar um pouco de gênero textual. Marcuschi (2008) informa que esta discussão não é recente, mas "está na moda". São diversos os significados apresentados por diversos estudiosos. Marchuschi (2008) afirma que "o gênero textual refere os textos materializados em situações comunicativas recorrentes". De acordo com o autor,

Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicios definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, instituicionais e técnicas. Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações diversas, constituindo em princípio listagens abertas. Alguns exemplos de gêneros textuais: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tais, os gêneros  são formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas. (MARCUSCHI, 2008, p. 155)

Como você pôde perceber, a carta faz parte desse universo linguístico e das práticas sociais de linguagem. E, como tal, apresenta uma finalidade e uma estrutura muito própria. Normalmente, escrevemos uma carta pessoal quando queremos nos comunicar com algum parente que está longe ou com alguém que é muito querido e muito próximo a nós (mesmo estando distante!!).

As característicias desse gênero são simples, isto é, não possuem muitas regras e estrutura complexa a serem seguidas. 

1. O assunto, normalmente, é livre e circunda em torno de sentimentos, histórias vividas, dilemas, receios,  medos, alegrias, notícias sobre familiares ou amigos, etc...

2. Não se trata de um texto muito extenso. Localiza-se entre médio e grande!

3. O tipo de linguagem acompanha o nível de intimidade entre o remetente e o destinatário.Portanto, é possível utilizar termos coloquiais e gírias sem problema algum.

4. Quanto à estrutura, a carta deve conter: Local e data, vocativo (saudação inicial), desenvolvimento do texto (informações), despedida e assinatura.


Bem, como você pode ver, não é uma tarefa tão difícil assim. Se quiser agregar mais informações a sua carta, lance mâo das frases que você completou no primeiro dia de aula, lembra-se das fichas coloridas?? Elas podem funcionar como detonadoras do processo criativo!! Agora, é com você!! Use de sua criatividade e ousadia! 


O Carteiro - Mário Prata

O CARTEIRO

Próxima crônica

O ESTADO DE S. PAULO

12/02/2003

 


“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com um carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão. Lendo o envelope bonito no seu sobrescrito eu reconheci a mesma caligrafia que me disse um dia: estou farto de ti. Porém, não tive a coragem de abrir a mensagem.  Porque, na incerteza, eu meditava e dizia: será de alegria ou será de tristeza? Quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz. E,  assim pensando, rasguei tua carta e queimei para não sofrer mais”.

A última gravação da música acima (Cícero Nunes e Aldo Cabral) foi feita magistralmente pela sempre impecável Ná Ozzetti, em Show. E canção me veio à cabeça com força total ao assistir a um curta metragem do Jacques Tati, de 1947, chamado Escola de Carteiros. Tem no DVD Curtindo Jacques Tati. Recomendo principalmente para quem nunca ouviu falar nele.

Mas vendo o Mon Oncle entregando cartas e ouvindo a Ná, comecei a pensar no carteiro. Hoje em dia o carteiro virou um mala. Um mala direto. Fico fora de São Paulo e quando volto, depois de um mês, tem um metro de correspondência. Avisos bancários, cobranças, ofertas, convites, convites, convites, mala direta direto. Carta, nenhuma. Carta que eu digo é aquilo escrito à mão, de alguém para alguém, contando as novidades, declarando seu amor, ou encerrando uma aventura. Já não se fazem mais cartas como antigamente. O fax e depois os mails acabaram com a carta.

Veja aquela letra: “quando o carteiro chegou e meu nome gritou”. Existia uma relação entre o carteiro e o destinatário (que palavra!). Você deve ter lido ou assistido O Carteiro e o Poeta. Aquilo sim, eram um poeta e um carteiro.

O carteiro fazia parte do nosso imaginário, das nossas esperanças, dos nossos amores. Escrevia-se cartas. Você pegava aquele papel de carta e sabia que ele foi manuseado lá longe, noutra cidade, noutro país por aquelas mãos que o redigiram. E não que digitaram. Era comum algumas cartas chegarem com uma manchas. Lágrimas que pingavam por emoção ou dor.

E hoje o carteiro é um mala. Oitenta por cento do que ele trás e jogado imediatamente no lixo mais próximo. Cada convite que jogo no lixo, sinto pena do carteiro. Ele caminhou quadras e quadras para me levar aquilo. Mas nada daquilo me emociona. Não recebo mais do carteiro uma comovente notícia de morte. Muito menos uma carta de amor.

Mais malas ainda se tornam os carteiros na época de natal, com aqueles cartões horrorosos de boas festas e um ano de paz e prosperidade. Desejar isso nos dias de hoje é uma gozação: no mundo e no Brasil. Deviam escrever: que em 2003 você segure todas. E o pior é o “junto aos seus”. Eu nunca sei quem são os meus.

Em época de eleições o carteiro fica insuportável com aqueles santinhos todos de deputados e vereadores. O mais engraçado é aquilo se chamar santinho e quando você olha para a cara do remetente (que palavra!), de santo não tem picas.

E, com a recente morte do Carlito Maia, o carteiro ficou ainda mais dispensável. Não nos traz mais cartas com flores no aniversário nem nos lançamentos de livros.

O carteiro tende a desaparecer totalmente da fase da terra dentro de – no máximo - 10 anos. Tudo chegará pelo computador. Tudo! Até as malas diretas do malas cheios de indiretas.

Ninguém mais escreve cartas ao coronel nem ao soldado raso. Ninguém mais tem coragem de escrever num papel o seu amor eterno (ou não) e assinar em baixo. E deixar duas gotas paralelas de lágrimas carimbarem a verdade no papel.

O carteiro está morrendo e com ele muito, mas muito mesmo de um outro mundo. De um mundo mais romântico, é claro. Onde a gente ficava no portão esperando pelo personagem, ansioso, apreensivo, tenso. E, depois de abrir a carta, sorrir ou chorar. É, a emoção não nos chega mais pelas mãos do carteiro e do porteiro.

Como já dizia o poeta lá de cima, “quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz”. É Neruda, já não se fazem mais carteiros e nem poetas como na sua época.

Mário Prata



domingo, 5 de abril de 2009

A primeira aula TAE LP


Iniciamos nosso 1o. semestre de 2009 no dia 31/03. Estou responsável por três turmas de TAE-LP 1: uma turma na 3a. feira à noite (T.6), uma na 5a. feira à tarde (T.1) e outra na 5a. à noite (T. 3). As aulas do dia 31/03 não se realizaram porque houve uma greve de motoristas de ônibus na Baixada Fluminense, o que dificultou o transporte de muitos alunos. 

A primeira aula da disciplina Tendências Atuais do Ensino de Língua Portuguesa 1 aconteceu, nos turnos vespertino e noturno, no dia 02/04.  E a primeira aula da turma de 3a. feira à noite só aconteceu no dia 07/04. 

O primeiro contato foi destinado a situar a disciplina no contexto da formação de professores, focalizando o desafio, ainda presente, da busca pelo desenvolvimento proficiente da língua por parte das crianças em seu processo de escolarização. 

A nossa atenção estará voltada para as práticas sociais de linguagem na Educação Infantil. E, dentro desse contexto, pretendemos que o trabalho esteja articulado com uma visão investigativa, de reflexão crítica sobre a realidade. Isso implica que nosso trabalho se voltará para o cotidiano linguístico social de nossas crianças na escola e no espaço social mais amplo. O fio condutor se situa na centralidade da pesquisa como princípio formativo e da reflexão como possibilidade de construir esquemas de análise com vistas ao enfrentamento da complexidade da sala de aula. Concordamos com a premissa de Pérez Gomez (1992) quando afirma que

Os problemas da prática social não podem ser reduzidos a problemas meramente instrumentais, em que a tarefa profissional se resume a uma acertada escolha e aplicação de meios e procedimentos. De um modo geral, na prática não existem problemas, mas sim situaçoes problemáticas, que se apresentam frequentemente como casos únicos que não se enquadram nas categorias genéricas identificadas pela técnica e pela teoria existentes. Por essa razão, o profissional prático não pode tratar estas situações como se fossem meros problemas i nstrumentais, susceptíveis de resolução através da aplicação de regras armazenadas no seu próprio conhecimento científico-técnico (PÉREZ GOMEZ, 1992, p. 100).
Além disso, foi discutida a proposta de avaliaçao que se realizará no decorrer da disciplina: construção/elaboração do Portfólio Eletrônico.

PÉREZ GÓMEZ, A. O pensamento prático do professor: a formação do professor reflexivo. In: NÓVOA, A. (org). Os professores e sua formação. Lisboa, Dom Quixote, p. 93-114,1992.

A proposta de organizaçao da disciplina é a seguinte:

  1. DISCIPLINA: TENDÊNCIAS ATUAIS DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA I A
  2. CURSO: PEDAGOGIA
  3. Carga Horária:     90 h     (60 h teóricas – 30 h práticas)
  4. Carga Horária Semanal: 4h teóricas/2h práticas

Objetivos: Conhecer os processos de aquisição da leitura e da escrita nas crianças de 0 a 6 anos. Refletir criticamente sobre as propostas curriculares para o trabalho da língua oral e escrita na Educação Infantil. Construir propostas metodológicas para o trabalho da língua oral e escrita na Educação Infantil.

 Ementa: A construção do conhecimento sobre a escrita na criança pequena: as contribuições teóricas de Luria e Emília Ferreiro. As concepções sobre a língua subjacentes às práticas docentes: os métodos de alfabetização. O ensino da língua oral e escrita na Educação Infantil: a entrada no mundo da escrita; leitura e escrita de textos; características de um ambiente de cultura escrita; o papel do professor. Propostas pedagógicas para o ensino da língua oral e escrita na Educação Infantil.

Avaliação: A avaliação envolve um processo dialógico de identificação das dificuldades, bem como das compreensões já estabelecidas com vistas à ampliação do repertório do conhecimento teórico e prático sobre as temáticas envolvidas. Pressupõe-se que a avaliação se constitua num movimento de reflexão sobre as experiências e sobre as teorias construídas neste contexto, além de ser tomada com o caráter de experiência formativa na formaçao de professores. Para tanto, sugerimos a produção do Portfólio Eletrônico como procedimento que se inscreve dentro de um contexto que procura superar a visão classificatória, coercitiva, unilateral da avaliaçao tradicional. Serão disponibilizados fundamentos sobre o portfólio para preparaçao da avaliaçao. Isso envolve a participaçao de professor e graduandos no processo de planejamento da avaliaçao em parceria, dentro de princípios democráticos. As discussões serão iniciadas com a perspectiva de compreender as finalidades e objetivos do portfólio. Em seguida, seráo definidos os propósitos, vinculados ao Plano de Trabalho da Disciplina e vinculados às necessidades formativas e de conhecimento de cada graduando. Na sequência, serão definidos os descritores do Portfólio e o processo de produção será iniciado. Neste percurso espera-se que as leituras prévias dos textos indicados  sejam realizadas para que as produções escritas sejam o reflexo do aprofundamento teórico/prático do graduando. Pretende-se diversificar os instrumentos com a intenção de perceber as aprendizagens em situações diferenciadas. 

 

Bibliografia (Clássica / Básica da área):

 

AZENHA, Maria da Graça. Imagens e Letras: os possíveis acordos de Ferreiro e Luria. São Paulo: Ática, 1995.

BARBOSA, Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2. Ed.,São Paulo: Cortez, 1994.

FERREIRO, E., TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 12.ed., São Paulo: Cortez, 1988.

___________. Alfabetização em processo. 12.ed., São Paulo: Cortez, 1998.

MORTATTI, Maria do Rosário L. Os sentidos da alfabetização. São Paulo: Editora UNESP: CONPED, 2000.

SMOLKA, A. L. B. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização como processo discursivo. São Paulo: Cortez,1993.

TEBEROSKY, Ana, COLOMER, Teresa. Aprender a ler e escrever: uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.